1ª Epístola de sniper de blog aos indecisos
Irmãos tementes a blog,
Venho hoje falar-vos de um assunto que certamente muito vos tem atormentado: o referendo próximo sobre a interrupção voluntária da gravidez (IVG).
Um primeiro aspecto que muita confusão lança prende-se com a discussão sobre se, com 10 semanas estamos na presença de um feto, de um bebé, de uma pessoa, se já terá alma, etc., desencaminhando-se a discussão para o começo da vida e da condição humana. Quanto a isso, caros irmãos, não vos posso nem quero ajudar. É uma questão muito complexa, fracturante e difícil, sim senhor, mas, felizmente, não é isso que está a ser referendado. Portanto, deixemos isso para os filósofos, para os profetas e para os tristes que julgam que são donos da verdade.
A questão em debate é, tão simplesmente, decidir se a mulher que aborta (até às 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado) deverá ser ou não penalizada pela sua opção. Não se pergunta se somos a favor ou contra o aborto, se achamos que o aborto é “muita nice” ou que é “cocó”, se achamos que os impostos devem pagar isto ou aquilo ou se achamos que “na barriga da pessoa manda a pessoa”, se achamos que toda a gente deve abortar à parva, ou se achamos que toda a gente que aborta merece ser apedrejada até à morte e condenada a arder no fogo dos infernos por toda a eternidade.
Quem merece ser apedrejado até à morte e arder no fogo dos infernos por toda a eternidade são os falsos arautos da verdade e moralidade que esgrimem argumentos falaciosos e demagógicos tentando enganar o irmão temente a blog. Mas isso também já seria uma outra questão.
Voltando à questão, quem considera que uma mulher que abortou deve ser julgada e, eventualmente, condenada à prisão, deverá votar não. Quem considerar que uma mulher que abortou não deverá ser objecto de qualquer sansão legal, deverá votar sim.
Concluindo, irmãos, votai “sim” ou votai “não”, mas votai em consciência e após séria reflexão.